“Não deixemos de congregar-nos, como é
costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quando vedes que o
Dia se aproxima”. (Hebreus 10.25).
Outro dia fui abordado por um auxiliar “obreiro” com a
seguinte pergunta: “Qual será a razão para a frequência do culto de
quarta-feira ser tão baixa? Por que poucos crentes frequentam este culto?”.
Diante da pergunta resolvi escrever este texto sobre esse assunto tão crucial.
Não sou o dono da verdade, mas pretendo apenas apontar uma possível solução
para o problema.
Na década de 90 surgiu o movimento de crescimento de
igrejas e com ele muitos métodos de crescimento. Desde então se começou a
utilizar-se de tudo para atrair às pessoas as igrejas denominadas evangélicas. O
pragmatismo
substitui a Bíblia como guia para a evangelização. Nessa busca pelo sucesso a
igreja aos poucos está perdendo sua identidade como povo de Deus. Ela mobiliza
as massas, mas não a mente. Muitos pregadores e denominações são tentados a
imitar a liturgia e esses métodos de crescimento proselitistas, onde outro
evangelho é anunciado, prometendo: prosperidade, cura e bençãos imediatas.
Fazendo com que muitas pessoas que ouvem essas promessas e não as alcançam se
decepcionem com a igreja evangélica de um modo geral. Sinceramente, estamos
buscando sucesso, ou sermos fieis a Deus? Até quando a igreja evangélica
brasileira continuará utilizando meios carnais com a intenção de atrair multidões
para seus cultos?
Diante desta introdução quero falar sobre por que muitos
não frequentam os cultos de quarta-feira.
1.
Não vai ter
Cantor de fora.
Vai ter cantor de fora? Talvez essa seja a pergunta mais
frequente quando você convida alguém para o culto de quarta-feira. A motivação
para ir ao culto está deturpada. Em vez de se glorificar somente ao Senhor
(Mateus 4.10), o denominado “artista gospel” tem sido glorificado em seu lugar.
Essa mudança de padrão tem levado muitos lideres a gastarem um absurdo com o
cachê desses artistas, por que não querem desagradar a sua clientela na igreja,
preferem obedecer ao povo do que a Deus (Atos 4.19). Esses “cantores” dizendo
estarem agradando ao Senhor tem prestado um desserviço ao Reino de Deus entoando
canções antropocêntricas, voltada para o homem, em vez de direcionar a adoração
ao Deus verdadeiro. Boa parte dessas canções está carregada de agressividade e
barulho e pouco ou nenhum poder de Deus. Os interesses comerciais falam mais
alto do que as verdades da Palavra de Deus. A verdadeira música, que serve para
louvar a Deus é a que é composta por um servo de Deus espiritual, compromissado
com a verdade da Palavra de Deus. Muito desses artistas que são contratados
para se apresentar em nossas igrejas não se congregam, não tem pastor e muito
menos participam da Santa Ceia.
E para nossa tristeza “não admiração” esta é uma das
razões por que a frequência desses cultos diminuiu. Quando não tem cantor de
fora, muitos crentes não aparecem no culto d quarta-feira.
2. Não vai ter Dança Litúrgica ou Peça Teatral.
A segunda pergunta mais frequente é: vai ter apresentação
de grupos de dança? Peça teatral?
Mais uma vez a motivação está errada. Sei que a dança em
si não é pecaminosa, errada ou imprópria para o cristão. Desde que não seja
sensual, provocativa, erótica ou sugestiva, despertando lascívia. Mas, não
encontro em nenhum lugar do Novo Testamento Deus colocando a dança ou o teatro
como elementos do culto público. Não há nenhum registro nas escrituras
neotestamentarias onde a dança e o teatro fizessem parte do culto. E muito
menos no Antigo Testamento encontramos levitas apresentando-se em grupo durante
o culto a Deus no templo através de danças litúrgicas ou de peça teatral. Isso não
quer dizer que a igreja local não possa ter grupos de dança ou teatro. Quero apenas
deixar claro que em escolas, nas praças, em feiras esses grupos podem legitimamente
apresentarem-se, porém no culto público não. Nem tudo que cabe na vida diária como
culto a Deus caberia no culto público e solene. Não podemos sair inventando
maneiras de cultuar a Deus além daquelas que Ele revelou em sua Palavra.
E mais uma vez para nossa tristeza “não admiração” esta é
uma das razões por que a frequência desses cultos diminuiu. Quando não tem dança
litúrgica ou peça teatral, muitos crentes não aparecem no culto de quarta-feira.
3. Não vai ter Pregador de fora.
A terceira pergunta mais frequente é: vai ter pregador de
fora? Incrível! Mais uma vez a motivação está errada. A clientela gospel hoje
não suporta mais a sã doutrina (2 Timóteo 4.3) e por isso sai a procura de
pregadores que satisfaçam seus desejos e anseios. Quando querem prosperidade, contrata-se
quem prega sobre o assunto. Quando querem avivamento, curas, profecias, agem da
mesma forma. O púlpito de muitas igrejas se tornou um balcão onde a clientela é
quem dita o que será pregado nele. A Bíblia deixou de ser para muitos, a
inerrante, infalível Palavra de Deus tornando-se um livro de mitos e de conteúdo
humano. Com o intuito de terem sucesso econômico e pessoal muitos pregadores
estão mercadejando a Palavra de Deus (2 Coríntios 2.17), torcendo-a (2 Pedro
3.15,16), falando e não praticando (Mateus 23.2-4) e ouvindo-a sem praticá-la
(Tiago 1.23-25). Já é tempo de voltarmos a Palavra de Deus. De pregarmos o
Evangelho puro e simples que o Senhor Jesus mandou (Mateus 28.19,20). Pregadores
deixem de ir até a Bíblia com ideias prontas, em vez disso, encontre nela o
verdadeiro propósito, intenção do autor quando escreveu aquele texto. Diminua a
pregação tópica, temática e aumente a pregação expositiva da Palavra.
E mais uma vez para nossa tristeza “não admiração” esta é
uma das razões por que a frequência desses cultos diminuiu. Quando não tem pregador
de fora, muitos crentes não aparecem no culto de quarta-feira.
4. Não vai ter Avivamento.
A quarta pergunta mais frequente é: vai ter avivamento? Quarta
motivação errada.
Em reação à frieza, carnalidade e ao mundanismo dos evangélicos,
criou-se um movimento conhecido como “espiritualidade” . Não estou falando
daqueles que oram, jejuam, gastam tempo lendo e meditando na Palavra buscando
uma comunhão mais profunda com Deus e a plenitude do seu Espirito. Estou falando
daqueles que colocam suas experiências acima da Palavra de Deus, cometendo
abusos de todo tipo. É um pseudopentecostalismo. Consideram-se os verdadeiros
profetas desta nação. Derramam litros e
mais litros de óleo sobre as pessoas, rodam como pião, rugem como leão, caem no
“espirito”, riem sem parar “unção do riso” atribuindo tudo isso a ação do
Espirito Santo. Mas a Palavra de Deus nos manda julgar, examinar tudo (1
Coríntios 2.15; 1 Tessalonicenses 5.21; 1 João 4.1; 1 Coríntios 14.29; João
7.24; 1 Coríntios 10.15). Esses deram ouvidos a espíritos enganadores e a
doutrinas de demônios (1 Timóteo 4.1). O verdadeiro pentecostalismo é um
segmento cristão, biblicocêntrico, formado por crentes em Jesus Cristo,
verdadeiramente salvos, fiéis, sinceros, que seguem ao que está escrito nas
Escrituras. Os pentecostais creem no que a Palavra de Deus assevera acerca da
manifestação multifacetada do Espiríto: dons, ministérios e operações (Atos 2;
1 Coríntios 12.1-11; Marcos 16.15-20; 1 Coríntios 14.26, etc). Eles respeitam o
primado das Escrituras, considerando estas a sua regra de fé, de pratica e de
viver.
Concluo com muita tristeza “não admiração” dizendo que esta
é uma das razões por que a frequência desses cultos diminuiu. Quando não avivamento,
muitos crentes não aparecem no culto.
Estamos vivenciando uma verdadeira crise teológica e
ética em nossas igrejas e uma prática pastoral muito ineficaz. Há pouca
preocupação com a saúde da Igreja. Precisamos voltar urgentemente para Deus e
para Sua Palavra inerrante e infalível. Precisamos de preparo espiritual e teológico.
Precisamos conhecer e pregar o verdadeiro evangelho.
Em Cristo,
Presbítero Jorge Pinto