Com a exibição do último capítulo de Avenida Brasil, escrita por João Emanuel Carneiro, a discussão sobre doutrinas de igrejas que proíbem ou orientam seus fiéis a não assistirem a novelas volta à tona.
Avenida Brasil, além de apresentar uma personagem evangélica caricata, que causou protestos por parte de fiéis nas redes sociais, alcançou recordes de audiência e tornou-se assunto em todo o país.
Novelas são programas de ficção, escritos com temas diversos e geralmente cotidianos, o que causa identificação aos telespectadores, que podem acabar projetando sua realidade à história apresentada na trama. Porém, entre líderes evangélicos, a permissão ou proibição aos fiéis para assistirem às novelas não é unanimidade.
De acordo com o pastor Airton Evangelista da Costa, presidente da Assembleia de Deus Ministério Palavra da Verdade, não há problema algum em acompanhar as novelas: “Assistir a novelas é quase o mesmo que assistir a filmes. Se não houver nelas qualquer tipo de depravação, se de alguma forma edificam, ou se servem como meio de distração, sem causar nenhum dano moral aos santos, não vejo nada de anormal… Desde que não se torne um vício, uma idolatria, e roube o tempo que deveria ser dispensado a Deus”, posiciona-se o pastor, num artigo publicado em seu site.
Porém, o ponto de vista contrário também é bastante vigente no meio evangélico, e na abordagem do pastor Valtair Miranda, da Primeira Igreja Batista de Neves, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, as novelas podem induzir a ideias e conclusões erradas sobre a família: “As novelas insistem tanto na ideia de que a mulher pode trocar de parceiro, que as esposas estão passando a desvalorizar o casamento. Os filhos não têm mais o mesmo zelo; a telenovela já induz a menina a dormir com o namorado [...] Se eu passo minhas noites vendo novela, então 30% do meu tempo útil é dedicado à TV. É por isso que muitas mulheres reclamam não ter tempo para atividades produtivas, como um curso profissional, por exemplo”, declarou o pastor, em entrevista para matéria publicada na edição 60 da revista Enfoque.
Em meio às discussões sobre poder ou não assistir novelas, o meio evangélico cresceu na última década e atraiu a atenção de autores e emissoras, passando a fazer parte das histórias contadas nas novelas, e as indefinições ou múltiplas interpretações e posturas a respeito de doutrinas mantém os debates sobre assuntos como este vivos.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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