segunda-feira, 25 de abril de 2011

A teologia do tombo e a unção do cai-cai

Por Renato Vargens



Uma das principais características dos cultos neopentecostais é a chamada “unção do cai-cai.” A cantora Ana Paula Valadão, (veja vídeo abaixo) pastora da Igreja Batista da Lagoinha, protagonizou umas das típicas cenas deste movimento onde mediante o sopro de um pastor ela caiu no Espirito.

Pois é, basta com que o pregador sopre ou atire o seu paletó contra o público, que um número incontável de pessoas  caem no chão,  quer desacordadas ou tomadas por aquilo que alguns denominam de unção do riso. 
A  unção do cai-cai iniciou-se com o  americano Randy Clark,  que foi ordenado pastor em 1950. Segundo alguns relatos, ele recebeu uma profecia  que afirmava  que através de sua vida e ministério pessoas seriam derrubadas no Espírito. Para o pastor Clark, a unção era como dinamite, e  a fé como a cápsula que explode a dinamite. Clark é autor do movimento "Catch the fire" ( agarre o fogo) que possuía  uma noção estranha do signiifcado do poder divino. 

Gostaria de ressaltar que na terra do Tio Sam, a unção do cai-cai  virou uma febre. Pastores como Benny Hinn, Keneth Haigin foram protagonistas na arte do tombo.

No Brasil, o movimento ganhou popularidade na década de 80 através do pastor Argentino Carlos Anacôndia.  Anacôndia chegou ao Brasil, através das Comunidades Evangélicas, que mediante encontros e congressos esparramados em todo país,  difundiram na igreja brasileira esta prática e comportamento doutrinário.  Em 1990, a unção do cai-cai se espalhou de tal forma, que os crentes em Jesus passaram a acreditar que quando caíam no Espírito experimentavam cura para suas almas e a unção do tombo representava um olhar especial de Deus para com os seus filhos.

Em  1994 na Igreja Comunhão Divina do Aeroporto de Toronto, Canadá.  Surge a bênção de Toronto, onde as pessoas movidas por uma “especial unção”  cairam  no chão, sem fala, rindo, chorando ou dando gargalhadas. Em pouco tempo, o templo estava lotado, vindo pessoas de todos os países e região.  Em pouco tempo, as manifestações dos mais diferentes tipos de unções se fez presente no Canadá.  Por exemplo, o pastor da Igreja de Vancouver,  afirmou também que havia recebido  uma profecia que o Espírito Santo se manifestaria imitando o som dos animais. Vale a pena ressaltar que o próprio pastor começou a urrar como leão, alegando que era o leão da tribo de Judá, uma das maneiras como Jesus é chamado na Bíblia.

Caro leitor, a luz disto tudo resta-nos perguntar:  Existe fundamento bíblico para este tipo de unção?  Em que lugar no Novo Testamento, vemos Jesus ou os apóstolos ensinando sobre a necessidade de cair no Espirito? Ou ainda, quais são os pressupostos teológicos que nos dão margem para acreditar na zooteologia, onde Deus se manifesta através de grunhidos animalescos?

Prezado amigo, vale a pena ressaltar que ao longo da história pessoas caíram prostradas diante de Deus. Jonathan Edwards nos traz relatos absolutamente impressionantes da manifestação do poder e da graça divina.  John Wesley, em determinado momento da vida ao pregar o Evangelho da Salvação Eterna levou centenas de pessoas ao chão chorando e confessando os seus pecados. Agora, vamos combinar uma coisa? A quantidade de pessoas que dizem que foram derrubadas pelo Espírito de Deus e que continuam com o mesmo tipo de vida não está no Gibi.  As pessoas  que caem rugem como leões, latem como cães, comportam-se como animais e vivem uma vida cristã absolutamente aquém daquilo que Deus projetou.

Prezado irmão, quando o apóstolo João, ouviu a voz do Senhor na ilha de Patmos, prostrou-se conscientemente  diante de Deus confessando o Senhorio de Cristo. Isaías, quando viu o Senhor no alto e sublime trono, curvou-se no chão dizendo, SANTO, SANTO, SANTO.  Agora, o que não dá pra entender é esse cai-cai que não produz mudanças, arrependimentos e conversão de pecados.

Como já escrevi anteriormente creio veementemente que boa parte dos nossos problemas eclesiásticos se deve ao fato de termos abandonado a margem da existência as Escrituras. Não tenho a menor dúvida de que somente a Bíblia Sagrada é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias, como também a norma para todas as decisões de fé e vida. É indispensável que entendamos que a autoridade da Escritura é superior à da Igreja, da tradição, bem como das experiências místicas adquiridas pelos crentes. Como discípulos de Jesus não nos é possível relativizarmos a Palavra Escrita de Deus, ela é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos.

O reformador João Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus está na bíblia, e de que ela é o escudo que nos protege do erro.

Em tempos difíceis como o nosso, precisamos regressar à Palavra de Deus, fazendo dela nossa única regra de fé, prática e comportamento, até porque somente assim conseguiremos discernir o verdadeiro do falso.

Pense nisso!
Renato Vargens


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